Estamos em um tempo
onde para você expressar o que pensa tem de primeiro dizer o que você não
quer dizer. Sem isso há o riso de suas palavras serem transformadas no que você
não disse, ou defender o que você nunca defendeu. A cada posicionamento somos
rotulados não pelo que dissemos, mas pelo que as pessoas entenderam o que
dissemos, e isso é muito perigoso, já que as pessoas estão perdendo a
capacidade de pensar fora dos modelos ideológicos, estão perdendo a capacidade
de pensar por si mesmas.
Em tempos onde
prevalece o pensamento do “Politicamente Correto”, opinar sobre qualquer
assunto pode ser um problema. E em muitas das vezes é preciso informar tudo o
que você não quer dizer, antes de dizer o que deseja. Seja no campo social,
político ou econômico, não importa. Há uma patrulha atenta a tudo que é dito e
sensível a qualquer discurso que não se encaixe nos padrões politicamente
corretos. Sobe isso recomendo a leitura de um ótimo livro escrito pelo filósofo
Luís Felipe Pondé com o título “Contra um mundo melhor.”
Sendo este meu primeiro
texto sobre a questão dos rotulamentos que sofremos, vou tratar de um tema
polêmico, que esta em alta na pauta de patrulhamento politicamente correto, a
homofobia. Um tema complicado e que pode te transformar em uma pessoa mente
aberta ou demônio encarnado em apenas uma frase.
Imaginem alguém que se
posiciona da seguinte forma: É contrário ao casamento gay e a adoção de
crianças por eles. Logo, esta pessoa seria taxada de homofobia, de não
respeitar a diversidade de gêneros (muito questionada, aliás), intolerante e no
mínimo será chamado de bicha enrustida. Dificilmente conseguiríamos imaginar um
comportamento diferente de nossa sociedade para quem se posiciona desta forma. Agora
imaginemos alguém tenha o seguinte posicionamento: É terminantemente contra a
recente lei da Uganda que prevê prisão para quem se declara gay, não aceita que
alguém seja agredido por ser gay e acredita que cada um faz da sua vida o que
bem entender. Bom, não é difícil imaginar que este será visto com muitos bons
olhos em nossa sociedade, uma pessoa de mente aberta e sem preconceitos,
moderna e que não esta presa aos valores retrógrados do passado.
O que muita gente não
consegue perceber e aceitar é que na verdade a maior parte da população brasileira
não pensa diferente das duas situações apresentadas acima. Nossa sociedade não
odeia os homossexuais e os casos de agressão gratuita a homossexuais não
refletem o sentimento de nossa sociedade, mas sim um ato criminoso que merece
punição. No entanto, somos uma sociedade que não são favoráveis ao casamento
gay, como mostrou uma pesquisa realizada em meados de 2013 e quando o assunto é
a adoção de crianças a discussão é ainda mais calorosa.
Isso mostra que a
questão é mais complexa do que simplesmente definir as pessoas em categorias
como homofóbicas, tolerantes ou mente aberta. Há valores profundos enraizados
em nossa sociedade e cultura que precisam e devem ser levados em consideração,
e não é algo simples de se fazer. Alguém ser contra o casamento gay não o torna
alguém que odeia homossexuais e da mesma forma alguém que se posiciona contra a
agressão a homossexuais não necessariamente são simpatizantes da causa e
defensores dos chamados “direitos” gays.
É preciso que se compreenda
isso para que o assunto seja tratado de forma séria e responsável. Não será com
agressões e forçando as pessoas com leis a aceitar o casamento gay ou a adoção
por gays que irá se resolver a questão. Não adianta criar categorias de seres
humanos, é preciso ter a capacidade de discutir a questão como adultos e não
como crianças.
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