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Imagem do portal G1 |
O brutal atentado ocorrido na última semana (07/01) no
Charlie Hebdo levantou questões e debates importantes em todo o mundo durante
esta semana. E tudo ia razoavelmente bem até que o Papa Francisco levantou uma
importante questão que todos parecem ignorar, durante sua visita à Filipinas o
Papa afirmou ontem (15/01) que “a liberdade de expressão tem limites” pouco
após dizer que não se deve fazer guerra ou matar em nome de Deus. Mas
infelizmente alguns não conseguiram compreender isso.
Alguns parecem ter compreendido, não sei como, que a fala do
Papa de alguma forma justifica o atentado que fez 12 mortos em paris. O
atentado virou um estandarte contra o terrorismo e os mortos viraram algo como
mártires da liberdade de expressão e não faltaram críticas à aqueles que diziam
“je ne suis pas Charlie” << Eu não sou Charlie>> e mesmo assim
condenavam veementemente o atentado.
Assim como muitos também digo que não sou Charlie. Aliás, muitos
“foram Charlie” pelo calor do momento e para se mostrarem defensores da
liberdade de expressão. Mas me desculpem estes, mas não considero o trabalho
feito no Charlie o melhor exemplo da liberdade de expressão. Me parece, que os
defensores deste tipo de humor defendem mais o direito a ofender e desrespeitar
que propriamente o direito de exprimir suas ideias livremente.
Não concordar com o “humor” ofensivo do Charlie e condenar o
atentado não é contraditório. Aliás, o Papa Francisco foi a personalidade que
melhor soube analisar o caso. A liberdade de expressão não deve ser usada para justificar
ofensas religiosas e da mesma forma crenças religiosas não podem ser usadas
para justificar atos como o ocorrido no jornal francês. Sinceramente não sei
onde esta a dificuldade em compreender isso.
O maior argumento dos jornalistas do Charlie usado para justificar
as charges do profeta Maomé era de combater o extremismo e o terrorismo, mas o
que talvez pudesse passar despercebido é que com estas charges eles ofendem a
todos aqueles que seguem o Islã e não somente os terroristas islâmicos. E isso
nem de longe pode ser entendido como justificação para o que houve, mas um
pensamento lógico que não vale somente para o Islã, mas para todas as
religiões, sendo assim quando se publica uma charge querendo condenar os casos
de pedofilia na Igreja e se usa a imagem de Cristo não se ofende somente os
religiosos que cometeram este crime, mas sim a todos os cristãos. Em ambos os
casos inocentes foram ofendidos apenas por possuírem a mesma fé dos criminosos.
A liberdade de expressão é algo fundamental para as sociedades
ocidentais, mas não devem ser confundida com libertinagem ou justificativa para
ofensas religiosas gratuitas. Da mesma forma, as sociedades ocidentais precisam
combater fortemente grupos terroristas e extremistas que buscam suprimir a
sociedade e a cultura ocidental implantando valores e costumes alheios aos nossos.
A liberdade de expressão deve ser defendida sempre, mas
também deve ser acompanhada de responsabilidade e respeito. Estas são premissas
básicas para uma convivência saudável e pacífica. Parabéns ao Papa Francisco
pela coragem e pelo belo lembrete que liberdade de expressão não é liberdade de
ofensa.
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