Desde o início da crise um
assunto gira sempre como sendo uma das principais causas, o petróleo. A queda
do preço do “ouro negro” foi eleita como a grande vilã, e quem não conhece ou
não busca sobre o assunto até pode acreditar que esta historinha procede, mas
não é bem assim.
Antes de demonstrar que a
queda do barril do petróleo nem de longe é a culpada de nossa tragédia, é
preciso lembrar algumas coisas. Em primeiro lugar, vamos lembrar que não foi a
queda do preço do barril do petróleo ou a operação lava-jato que jogaram a
Petrobras no chão. Foram os desmandos administrativos e a cadeia de corrupção
instalada na empresa que a levarão ao fundo do poço e deixa todos nós sofrendo
os terríveis efeitos do abusivo preço dos combustíveis nos postos de todo o
país.
A série histórica do
petróleo
Vamos deixar a demagogia e o
discurso político de lado e vamos olhar para a realidade do cenário do petróleo
e a situação geopolítica que afeta o mercado da commoditie. Basta recuar no
tempo e analisar o desenvolvimento do preço para perceber que o preço do barril
não é comum ficar acima de $100 por barril. Aliás, a primeira vez na história
que isso ocorreu foi em início de 2008, ou seja, há apenas 8 anos.
Se recuarmos ainda mais,
veremos que o valor acima de $100 para o barril de petróleo nem de longe pode
ser considerado, digamos, comum. Basta realizar uma breve pesquisa do preço do
barril para ver que o governo fez a Petrobras se apoiar em fumaça. Retornando
até o início de 1990, 26 anos atrás, vemos que a média do preço do petróleo
passa muito longe de $100, e neste período foi de apenas $47. Em 2008 o preço
do barril se manteve acima dos $100 apenas 8 meses, depois só voltou a este
preço em abril de 2011, e após este período figurando poucas vezes acima dos
$100. (clique aqui para acompanhar o histórico do preço do barril de petróleo.)
Com Iraque e Irã voltando a
produzir e vender petróleo poucos anos atrás o mercado foi inundado de oferta
do produto. E aí vale a regra básica do mercado, quando a oferta é muita o
preço cai. Com muita oferta e a reserva dos países aumentando o preço entrou em
queda livre e deve figurar entre $20 e $40 por um bom período ainda. Mas isso
não foi uma crise que caiu de para-quedas no colo dos administradores. Os
governantes, investidores e economistas de todo o mundo já esperavam e
projetavam esta queda a patamares próximos a média histórica.
O Brasil contou com o ovo na
cloaca da galinha
Os governos do PT,
principalmente os mandatos de Lula, surfaram na disparada dos preços das
commodities. A economia ia de vento em popa com os preços das commodities em
alta, a agricultura em alta, o câmbio controlado e o otimismo imperando.
A Petrobras passou a ser a “galinha
dos ovos de ouro”, financiando os grandes projetos do governo ao lado do BNDES
(que aliás já levanta suspeitas). Com isso o orçamento da empresa passou a
ajudar o governo a financiar seus programas. A descoberta do pré-sal fez com
que as expectativas decolassem e passou a ser o carro chefe do segundo mandato
do presidente Lula. Chegamos a ouvir dizer que o Brasil chegaria a ser 4ª maior
economia do mundo.
Mas foi só isso, promessas,
expectativas e projeções. Na vida real, nada foi feito para garantir que a
economia se sustentasse. Nem mesmo com os avisos do mercado e dos
economistas e com as reservas de petróleo
subindo em todo o mundo o governo reviu seus planos de negócios. Sem falar no
impressionante e vergonhoso esquema de corrupção que foi instalado na estatal
que fez com que o patrimônio da empresa derretesse após as descobertas e escândalos
provenientes das investigações da operação Lava-jato.
A Petrobras ainda não chegou
ao fundo do poço
Mesmo a queda do petróleo sendo
esperada, não se pode dizer que o mundo está respondendo bem a esta queda brusca
do preço. Mas em todo o globo quem mais tem sofrido são as empresas petroleiras.
É difícil encontrar um país desenvolvido que esteja em dificuldades graças ao
petróleo.Na verdade os consumidores ao redor do mundo tem comemorado a queda do
preço dos combustíveis, que aliás não para de subir por aqui graças a mão
pesada do governo.
Esta mesma mão pesada que impede que o preço da gasolina baixe poderá levar a Petrobrás a uma situação ainda pior do que ela se encontra se nada for feito. Se nada for feito de forma série a Petrobrás poderá virar somente lembrança nos livros de história. E isso não é exagero.
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